Tuesday, October 20, 2009

objeto

sabia que precisava fazer algo, mas não conseguia pensar.
caminhou pelos corredores da faculdade até que avistou uma grande porta, dando para um estacionamento aberto e algumas caçambas de lixo. não sabia o que devia fazer, só que tinha muita beleza nos entulhos sob o sol.
a luz do meio-dia quase a cegando brilhava sobre uma lixeira em particular, carregada de pedaços de madeira e móveis destroçados.não se conteve, caminhou um pouco mais, curiosidade e uma sensação de estar acolhida, algo que lhe lembrava um lar. parada, diante dos despedaços da sua universidade, viu uma mesinha, atarracada e de uma extrema simpatia, quase rindo.hesitou por pura coerção social. queria se jogar e abraçar a pequena mesa, sem defeitos aos seus olhos.
- Boa tarde! Quer ajuda? - uma voz estranha interrompia um raro momento de intimidade.
- Ah! Boa tarde.
- Quer que eu pegue alguma coisa pra você daí? - o guarda solicito.
- Ah, er, quero sim. Essa mesinha.
-Deixa eu ver...É, eles jogam umas coisas fora muito boas pra vocês, né? hahaha.
sabia que os outros alunos costumavam pegar coisas no lixo para levar até o ateliê, a surpresa irracional.
e ele pegou a mesa, ofereceu levá-la até o seu espaço de trabalho.
agradeceu, o pequeno objeto agora sem valor a seguindo rumo a um novo dia sem nada especial.

(também no blog escadas histéricas)

o universo contraria a praticidade.
embora eu tente e deseje agir de maneira objetiva e clara, seguindo os planos, o mundo sempre impõe sua soberania do acaso.
por acaso, sinto-me infeliz. falta-me aquela visão de um futuro melhor.

sempre pergunto-me se Deus está ouvindo minhas orações ou se, talvez, eu tenha feito o pedido errado. não estou motivada e contorno os conflitos me anulando.
decidir.

não entendo os planos do divino e temo que fazerSua vontade acabe me levando por um caminho longo demais para atravessar com minhas passadas vaciantes.
o mais angustiante é esse eterno tatear no escuro. por quê, em nome de Deus, sempre tenho a resposta de tudo o que não e importa?!
começo a fazer um paralelo de como ajo na faculdade, nos relacinametos e na vida. tenho medo de tentar e errar.
começo meus desenhos com medo de falhar e não respeito meu periodo de experimentação. não sei tentar, só sei fazer. não aceito aprender, quero saber.
transformo uma caracteristica infantil em hipocrisia, pois sempre levanto do alto da minha sabedoria para dizer que respeito o tempo e os erros que cometi como aprendizado e minha essência quando na verdade apenas os tolero/ justifico por falta de opção.
não aprendo a desculpar, sequer a mim mesma. só sei dar desculpas.

desperdiço a minha retórica contrariando, debatendo, reclamando.
desperdício.