Wednesday, October 25, 2006

Eu encho o saco com esse papo de Arte.

Tava lembrando como eu via quem fazia arte quando eu era mais nova.
Juro que eu pensava neles como seres iluminados, abençoados com um dom divino.

Quando vi pela primeira vez um formulário de inscrição pro vestibular eu pensei em fazer Belas Artes, mas tive certeza de que nunca passaria num Teste de Habilidade Específica. E, sim, nessa época eu já desenhava.

Assim como todo mundo - ou quase todo mundo - eu achava que quem fazia arte morria de fome.
Como a visão muda em menos de um ano! Não é porque hoje em dia conheço gente que entrou, ou porque achei o Teste de Habilidade Específica ridículo de fáci, mas é porque arte é uma coisa tão burguesa que nem sei como um dia alguém achou que artista morria de fome.
Até mesmo porque os artistas de hoje são os designers, os caras que mexem com a sua cabeça e tudo mais.
Vai parecer meio nazista, de repente até é, mas sabe que não tem UM negro em todo o curso de pintura?! Pelo menos eu nunca vi, juro.

Além disso, uma vez um professor de lá falou pra um amigo meu, que manda bem pacas com essas paradas de arte e, innclusive está com uma sala de exposição no Hélio Oiticica numa coisa como "É, você tem que parar de se limitar a essa coisa de levar arte pro Méier e tal. Sabe, tem aquela coisa do túnel"
Pareceu confuso mas ele estava se referindo à divisão zona sul/ zona norte que é tão clara no Rio de Janeiro.

Ou seja, hoje em dia eu conheço todo tipo de gente que faz Belas Artes e me provou que eu sou capaz e que posso ir bem também. Conheço todo tipo de gente, menos negros e conservadores.
Arte não é pra rico, não extamente. É sempre feita PARA rico, mas não que eu não posa fazer só porque não sou filha de um dos donos do mundo.
E ninguém precisa limitar o pensamento a essas coisas. Não é porque não fala da sua realidade que não possa entender. Não mesmo!

Arte é menos divina do que parece, é mais trabalho e informação do que dom.

E, a propósito, eu não gosto mais tanto de Rembrant.

Monday, October 02, 2006

"A verdade é um porco empalado no banquete da poesia"

Chegar em casa é sempre bom.
Entro direto pro quarto e tiro a calça jeans em frente ao espelho...depois a blusa, e visto a camisa de um pijama masculino velho como o casamento do meu irmão.
Me joguei na cama, catei a bolsa e acendí um cigarro, só pra ver como seria fumar na cama, como se não tivesse mais ninguém na casa.
Angústias sempre vêm quando se fuma sozinha. É quando se pratica uma ação sem fazer nada. Eu tenho milhares de sensações, e estou fazendo algo, mas minha mente trabalha como se não fosse ato algum, como se estivesse ociosamente pensando, e pensando em todas as minhas decepções, tantos silêncioas, paixões perdidas, inconsequencias... remoendo tudo antes de um Carlton Red acabar.

Todas as vezes que devia falar, e não disse, e quando devia calar, e não calei...Ser sufocada e ainda tomar dois dedos d'água no meio de um discursão.
Balinhas coloridas que eu derrubei no chão, um morango meio mordido que ele roubou só pra fazer careta depois, reclamando que estava azedo.

Como eram minhas unhas quando eu ainda roía, e como eram quando deixei crescer enormes.pra terminar nesse arremedo infantil curto lixado quadradinho.
Cabelo curto, cabelo comprido e esse meio termo relaxado que incomoda e ao mesmo tempo acomoda.

Tudo que passa....
Apaga o cigarro em cima de um papel, joga o restinho pela janela...liga o ventilador e espirra um pouco de "Bom ar" porque a família já chama na porta. Tráz o presente de novo e vamos cantar "Parabéns". Respira fundo e encara a vida lá fora, porque nada é mais angustiante do que fazer nada.