Wednesday, November 12, 2008

abafado

calor. o dia está abafado e barulhento.
meu cabelo me incomoda, agonizante a sensação da minha franja tocando no meu nariz e esse roçar no meu pescoço.
minhas pernas doem, meu corpo dói, tudo dói.
carros, caminhões, o lixeiro. crianças na rua. todo barulho é insuportável e eu não posso fazer nada.

pareço imóvel, toda ação não provoca reação. escrevo mecanicamente, respiro mecanicamente e os sons ficam mais distantes. entrei numa bolha, não consigo sequer ficar em pé.
abafado, incômodo, enjoativo.
dia ruim.

o quarto cheira a algo conhecido...éter. não vem de parte nenhuma esse cheiro, senao da minha imaginação.
quero me arrastar até a cozinha, beber água, ver alguma tv.
levar uma pancada na cabeça e quem sabe acordar num lugar diferente.
não acredito que todos os dias sejam assim.

Tuesday, November 11, 2008

nobody move nobody get Hurt

(...)
não tenho gosto nas coisas e sinto tudo empacado num eterno período de transição - porque nunca encerro fases do passado.
penso demais em você, em tudo que foi e devia ter sido. penso demais.
minha memória é sensível, esqueço falas e mantenho a clareza de sensações. recordo ternura e entusiasmo das primeiras impressões, de como me pareceu amigável e impalpável (ar).
lembro de como não podia tirar as mãos da tua pele e do desejo de devorá-lo que seguiu aos embriagados encontros. sólido em tudo, simples e acolhedor. entendiamos as necessidades do corpo e mantinhamos sãs nossas mentes.(...)
você brilhava.
adoecemos. egos histéricos nos obrigavam a sussurrar o que desejávamos ouvir.(...)
tive medo, dúvidas, dores. fugi, voltei, neguei. concordei, sim. sim sim sim, mil vezes sim.
cri.
doeu.
mentiu.
menti.
morri.
morri uma centena de vezes. matei.
matei-o.
ignorei o resto, esqueci por A+B suas palavras e soube nunca seria igual, nunca mais "sim".
(...)
não me ofendi quando me descreveu com erros erros de ortografia e concordância, precária interpretação. sei o que quis, simplicidade de novo, satisfação garantida.
não quero mais.
(...)
mudei ou não, deixei de ser. pretendo o novo e não posso com esse você.
tuas palavras são mais doces agora, mas envenenam meu caminho. me envolvo por vezes nesse aconchego criado pela distância, esperança fajuta e promessas, muitas promessas.
pretensamente me faz desejar um passado sem futuro, o indesejável. não crei, mas almejo.
(...)
enterro aqui o caixão.
quero o que eu não tive. admito, quero de ti o que não tive.
(...)

[meu diário]

Thursday, November 06, 2008

Natividade

de todas as coisas produzidas pela mnha sociedade (consumista ou não) a mais animadora na minha opinião é o Natal.
andar a esmo jamais será ruim enquanto houverem guirlandas, pinheiros, flocos de plástico e todo o vermelho, dourado, verde, branco e preto do Natal.

as lojas do Centro da cidade são únicas ao compreender meu espírito. meses antes da celebração de fato estamos trajando bom humor, paciência e uma crença na possibilidade de coisas novas.
tudo brilha (não só o pisca-pisca), eu brilho, quase me convenço a vestir luzes.

o ar quente bate no meu roto, suor e desconforto dos pés doloridos. passos infindáveis até o ponto de ônibus marcam a hora do almoço. passou, passou, passou.
não queria estar aqui, nunca quis sair de casa, nunca quis acordar no mundo. mas valeu ver a decoração natalina, rindo pra mim, me fazendo acreditar que nunca mais vai ser igual.
o ano está acabando.

crown of thorns

estou com medo.
medo de coisas bobas, como a cor das minhs unhas, a música que soa digital, a textura do piso de madeira e de não sair daqui nunca mais.
nunca sei se meu coração está me avisando para não fazer algo específico ou se está me impedindo de agir de modo geral. tenho medo.
respirando mal, não sei me colocar, não sei falar pra tudo isso parar, não tenho autoridade sobre nada.
mas, oh, meu amor!você sabe que está tudo bem.

sinto falta de longas conversas de 45 minutos. de controlar tudo em duas cores (azul e branco)
não digo em que cores enxergo o mundo agora, acho ser só meus pés.

tenho medo de coisas bobas como eu.