Wednesday, January 21, 2009

o gosto.

li há pouco um trecho de livro no qual os personagens comem espagueti no jantar, um bom macarrão ao molho vermelho.
ao invés de usar como pano de fundo para a história minha imaginação prendeu-se à idéia de haver cabelo no macarrão, MEU cabelo.
estou obsessivamente presa na imagem, na sensação do fio grosso sendo mastigado, preso na minha garganta fazendo cócegas, puxar o fio da boca... e quando todo o processo devia terminar eu volto a mais uma garfada de espagueti vermelho com fios negros de cabelo.

não consigo me livrar.

Tuesday, January 13, 2009

prazer

tenho ouvido música com mais paixão e lido com mais voracidade. comido com mais vontade e chorado com mais verdade.
de todas essas a que me deu mais prazer foi chorar.

Friday, January 09, 2009

"einmal ist keinmal."

"uma vez não conta".

um dia eu acordei e falei pra mim mesma "valeu a pena todos os outros dias".

o sol atravessou as janelas e aqueceu meu coração, as vozes na rua eram melodiosas e o vento que soprava mais fresco e cheiroso do que qualquer outro. foi uma vez, passou rápido mas aconteceu.
eu fui piegas e falei demais.
não pensei, não menti, não errei e não lamentei.

só vivi uma vez, e conta.

Saturday, January 03, 2009

Não há lugar como o lar.

poucas coisas torturam a alma como o sentimento de impotência. querer estar num lugar e simplesmente não conseguir esvai minhas energias e atormenta-me a sanidade.

é quando tudo em volta incomoda, e tudo se torna detestável. odeio essa cadeira, odeio essa luz, odeio esse cheiro, odeio essa voz, odeio, odeio, odeio.
meu pensamento burguês me diz "se eu fosse rica não precisava disso, pegava meu carrinho e me mandava", meu pensamento sensato me diz "conforme-se, nem todo mundo tem o que quer".
mas não me conformo. reclamo, xingo, faço o tempo intragável pra todos que compartilham desses indigestos momentos.
sinto os pés agitados, as mãos sem lugar, os pensamentos inquietos e principalmente vida.

a vida atravessa as paredes, preenche o ambiente, me envolve e gira incontrolável como um tornado. a vida quer dançar, a vida quer correr, quer gritar nos meus ouvidos e incansável como é, não me deixa dormir.
a vida fala muito e muito alto. barulhenta, repetitiva e chata.

e eu continuo querendo estar em outro lugar.

Friday, January 02, 2009

laying i bed, thinking of you.

"uma boa comparação que podemos fazer para esclarecer as diferenças conceituais entre a depressão psiquiátrica e a depressão normal seria comparar com a diferença que há entre clima e tempo. o clima de uma região ordena como ela prossegue ao longo do ano por anos a fio. o tempo é a pequena variação que ocorre para o clima da região em questão. o clima tropical exclui incidência de neve. o clima polar exclui dias propícios a banho de sol. nos climas tropical e polar haverá dias mais quentes, mais frios, mais calmos ou com tempestades, mas tudo dentro de uma determinada faixa de variação. o clima é o estado de humor e o tempo as variações que existem dentro dessa faixa. o paciente deprimido terá dias melhores ou piores assim como o não deprimido. ambos terão suas tormentas e dias ensolarados, mas as tormentas de um, não se comparam às tormentas do outro, nem os dias de sol de um, se comparam com os dias de sol do outro. existem semelhanças, mas a manifestação final é muito diferente. uma pessoa no clima tropical ao ver uma foto de um dia de sol no pólo sul tem a impressão de que estava quente e que até se poderia tirar a roupa para se bronzear."