Caminhou até o banheiro, passo a passo, sentindo a dor de cada movimento simples. Cada toque ao pisar e se suster sobre os pés ferindo em seu coração, uma agonia de pulsar e respirar.
Nojo ao tocar a maçaneta, um desgosto a nocauteou adentrando a porta.
Cambaleante, apoiou-se na pia, não ousou levantar o olhar ao espelho.
Evitar a dor, vindo como ânsia de vômito, grandes golfadas de uma tristeza brutal que a despedaça.
Pegou a escova de dentes, colocou mais pasta que o necessário e caiu. Escova dental se movimentando sobre os molares, o rosto coberto de lágrimas, não interrompendo a escovação apesar dos soluços, ainda que não se suporte em pé.
Por um instante não pôde deixar de notar seus dias refletidos nessa cena singular: não importa o quanto doa, ainda sem ficar de pé, destroçada, cumpria sua rotina. A perfeita figura da miséria caída no chão do banheiro, escovando os dentes com o rosto banhado em lágrimas.
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